sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dedos apontados

Ultimamente sinto-me mais próxima da escrita que do desenho. Talvez pela obrigatoriedade de concluir uma tese de mestrado, e pelo sentimento de culpa que daí advém. Juro que se pudesse não a fazia.
Há, nas minhas formas de expressão, uma necessidade de me expressar, e expressão tem que ver com intenção, com marca. Uma pintura expressionista não está no mesmo plano que uma pintura neoclássica - não negligenciando o carácter expressivo que a neoclássica possa ter. Uma tem por base o gesto, a outra nem por isso.
A vantagem de escrever aqui sobre o que me apetece, é poder escrever como me apetece. Aqui, expresso-me. Uso os pontos de exclamação que entender, reclamo do que quiser, aponto o dedo a quem quiser, seja a mim, seja a quem for, sem ter que apresentar uma referência bibliográfica. Não o faço para que a minha opinião seja tida em conta como algo sério. É minha e partilho-a.
Na tese, tudo é água parada, com alguma tendência a lodo. Não há ondas. Há apenas a constatação de uma maré cheia ou vazia, a explicação científica da mesma e estupefacção nenhuma por esse "milagre lunar". Acredito que a transmissão de conhecimento deve ser feita com propriedade. A palha pode ficar para as vacas, que entre pessoas que querem saber não vale a pena tomar-lhes tempo com o quase nada. No entanto há pequeninas explorações que nos fazem avançar e nem sempre é a conclusão que interessa, mas abrir o caminho para certa discussão. E isto, que já pensei tantas vezes, precisava de estar escrito para que o pudesse consultar de quando em vez, e lembrar-me de que tenho uma tese para escrever, sem ter que apontar o dedo a ninguém, sem ter que ter um coração na boca ou um estômago nas mãos.
O problema está em entender tudo como uma forma de expressão.
Nem tudo pode sair de nós como um filho...


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ninguém leva a mal!


Foram 3 dias a comer.
Se o Carnaval serviu para alguma coisa foi para nos mascararmos de ricos, e fingir que não há problemas.
Ainda assim, fomos ao sítio mais baratinho que encontrámos, onde percebes, camarões gigantes e navalheiras dançaram nos nossos pratos. Acho que ainda cheiramos a marisco...


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E levantei-me ao meio dia! Imagina que tinha sido às 9h...

Hoje acordei e saí à rua. Fui até à casa da Rita, fazer não sei bem o quê, e pelo caminho senti-me perseguida por um indivíduo alto, com um certo ar árabe, não percebi bem. O prédio parecia estar em obras. Entrei, comecei a dirigir-me para o 4º e último andar, onde fica a casa da Rita, e continuei a ser perseguida pelo tal homem, de ar sério, frio e calculista. Não me lembro se tinha bigode. Uns degraus antes de atingir o ultimo patamar, disse-lhe para passar (não sei com que intenção, pois naquele ponto era nítido que me ia atacar, ou entrar na casa da Rita...). Recusou-se a passar. Olhou para baixo, para o patamar do rés do chão, pelo meio das escadas, segurou num objecto estranho, vertical. Vou deixar cair isto, quando chegar lá abaixo vai explodir e vai-se formar uma coluna de fumo vertical até cá a cima. Vais morrer, disse já com um semi-sorriso na boca. De olhos esbugalhados e em pânico tentei argumentar, mas não havia como me livrar da situação. Tentei então salvá-lo e com isso salvar-me. Eu seguro nisso, tu vai-te embora e quando estiveres a sair eu deixo-o cair, e enquanto cair, desço e vou-me embora. Estranhamente aceitou. Pisquei os olhos e quando percebi o homem já não estava lá, o 4º andar também não e todo o cenário tinha mudado. Encontrava-me diante de uma mulher dos seus 50 anos, com um cabelo liso, quase louro muito bem penteado, um pouco por baixo do nível das orelhas. Sempre de sorriso na boca, dizia-me que tinha que ser. Eu continuava a agarrar no objecto explosivo e ele não podia tocar no chão. Lembro-me vagamente de ter aceite o meu destino, com um Iphone na mão. Tinha apenas que ir à casa de banho, que ficava a uns 200 metros dali. Disse-lhe que tinha que ir mas que não se preocupasse que deixaria ali o meu telemóvel, para não telefonar a ninguém a dizer o que se estava a passar (só comparável à parvoíce de entrar no Vaticano a tirar fotos e apagá-las em frente aos seguranças como prova de boa fé! Ele há gente muito estúpida...). Assim foi. O Iphone lá ficou, em cima de uma mesa à minha e à sua esquerda. Atravessei aquela praça imensa. Era ainda de dia e estava uma luz dramática, muito intensa, que não me deixava distinguir bem as formas à minha volta. Sei que estava em Roma. Depois de ter ido à casa de banho e de me ter sentado um pouco numa esplanada a contemplar uma universidade logo ali à frente, entrei em pânico e arrependi-me de ter deixado o telemóvel para trás. Precisava mesmo de ligar ao Rui para me vir salvar. Como não tinha esta possibilidade, decidi fugir, apanhar o metro em Roma - centro para um qualquer destino. Devo ter adormecido na viagem porque não me lembro de pormenores. Sei que saí passado duas estações, e que tornei a entrar e voltar a Roma - centro. Em pouco tempo voltei para a mulher, gabando-me da minha honestidade, e de como não telefonei a ninguém, admitindo até que tinha tentado fugir mas que voltava àquilo que tínhamos decidido ser o meu destino. Não me lembro como, mas a mulher, que mantinha aquele sorriso calmo, deixou de estar lá e foi substituída pelo Shela. E o Shela, com a mesma calma, queria que eu deixasse cair o objecto. Eu acatei tudo, sempre, incluindo este poder que tinham sobre mim. Lembro-me do Shela ter dito alguma coisa sobre uma gravação ou um concerto que ia ter com PAUS, à noite no musicbox, ou algum sítio no Cais do Sodré e de a Dora ou o Rui o convencerem de que aquele objecto não era assim tão importante, que podíamos desistir daquilo. Não sei se foi o poder da Dora sobre ele, ou a argumentação eficaz do Rui, mas ele aceitou de bom grado a ideia. Seguimos junto ao rio, no seu carro descapotável, que devia ser importado já que o volante estava à direita, e é precisamente no Cais do Sodré que o Shela decide ver-se livre do objecto, que carregava na mão direita, fora do carro. Deixou-o cair, como se fosse um lenço de papel e mal tocou o chão, provocou uma explosão enorme. A água do rio começou a crescer e a subir a cidade a uma velocidade estrondosa. Dirigimo-nos rápido para a Lapa, para a casa da Rita, e deixámos a água para trás. devo ter adormecido outra vez porque não sei pormenores, mas deve ter havido um problema qualquer com a Epal ou a edp, ou a galp gas. Não sei. Sei que me lembro do Shela e da Dora ao telefone, a pedirem a uma dessas empresas que fizessem o favor de verificar a exequibilidade do concerto no Cais do Sodré. A resposta, veio depois num telefonema dizendo que tinha havido uma explosão precisamente no Cais do Sodré, exactamente na hora em que o Sr. Shela lá tinha passado e que era uma sorte ter-se escapado da tragédia! Diziam que a água tinha atingido mais de metade da cidade, o equivalente a 3 Rios de Janeiro!

Não morreu ninguém, estou viva, aqui. Só tenho pena de ter demorado tanto tempo a acordar...