sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dedos apontados

Ultimamente sinto-me mais próxima da escrita que do desenho. Talvez pela obrigatoriedade de concluir uma tese de mestrado, e pelo sentimento de culpa que daí advém. Juro que se pudesse não a fazia.
Há, nas minhas formas de expressão, uma necessidade de me expressar, e expressão tem que ver com intenção, com marca. Uma pintura expressionista não está no mesmo plano que uma pintura neoclássica - não negligenciando o carácter expressivo que a neoclássica possa ter. Uma tem por base o gesto, a outra nem por isso.
A vantagem de escrever aqui sobre o que me apetece, é poder escrever como me apetece. Aqui, expresso-me. Uso os pontos de exclamação que entender, reclamo do que quiser, aponto o dedo a quem quiser, seja a mim, seja a quem for, sem ter que apresentar uma referência bibliográfica. Não o faço para que a minha opinião seja tida em conta como algo sério. É minha e partilho-a.
Na tese, tudo é água parada, com alguma tendência a lodo. Não há ondas. Há apenas a constatação de uma maré cheia ou vazia, a explicação científica da mesma e estupefacção nenhuma por esse "milagre lunar". Acredito que a transmissão de conhecimento deve ser feita com propriedade. A palha pode ficar para as vacas, que entre pessoas que querem saber não vale a pena tomar-lhes tempo com o quase nada. No entanto há pequeninas explorações que nos fazem avançar e nem sempre é a conclusão que interessa, mas abrir o caminho para certa discussão. E isto, que já pensei tantas vezes, precisava de estar escrito para que o pudesse consultar de quando em vez, e lembrar-me de que tenho uma tese para escrever, sem ter que apontar o dedo a ninguém, sem ter que ter um coração na boca ou um estômago nas mãos.
O problema está em entender tudo como uma forma de expressão.
Nem tudo pode sair de nós como um filho...


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